Nos calamos, neste instante e uma centena de vezes ao dia, consentindo, quase sempre, com a injustiça estabelecida: são fomes, são medos e são mortes, são imposições e são mentiras que de tão cotidianas chegam a cheirar a normalidade. Eles têm suas livrarias, suas universidades, têm seus mercados imensos que é onde vendem seus venenos; têm suas armas, de fogo, de terra e de água e fazem da nossa terra o seu lugar de gozo, de consumo e de exploração, de inescrupulosa exploração.
Eles, a quem me refiro, têm nome. Nomes pomposos, de difícil pronuncia. Rockfeller, Johannpeter, Odebrecht, Steinbruch, Alckmin e outros de pronuncia mais simples, mas não menos poderosos, como Marinho, Maia, Batista, Safra, Diniz. São empresários políticos e são políticos empresários, que trabalham e fazem política em defesa da sua classe.
Eles produzem muito mais carros do que as nossas estradas e nossos pulmões podem suportar. Eles atropelam ciclistas. Eles têm emissoras de televisão e de rádio, as maiores, que alcançam a maioria. E eles a convencem que ser como eles é a utopia mais bacana. Estamos cegos frente a tantos entulhos que inventam, frente a tantas necessidades que fabricam.
Eles estão por toda parte, apesar de serem poucos. O seu poder é tanto que até onde não estão eles estão. Eles, os fariseus dos nossos tempos, criam as leis que não cumprem. E criam tanta lei, que é para que, justamente, ninguém as possa conhecer.
Eles exterminam a juventude e assim vão exterminando, no seu projeto, toda a vontade de revolução. O planeta geme as dores da morte, não somente por causa das fábricas deles que matam a terra, o ar e as águas, mas especialmente porque, sem qualquer pudor eles matam o povo desta terra. E sem qualquer pudor matam, aos poucos, a possibilidade de organizar-nos, porque ao lado da miséria, do lixo e da violência, eles também produzem egoísmo e medo.
Eles têm unidade, têm estratégia e têm táticas. Usam sempre boas roupas e têm bons sorrisos.
Eles inventaram uma modalidade de machismo mais adequada ao seu tempo, que dá preço às mulheres, as descarta se não obedecem ao padrão. E eles maquiam o seu racismo, o chamam ultrapassado e morto, e o dizem precisamente porque este mesmo racismo é o que assegura os seus bolsos cheios e suas mesas fartas.
Eles não têm escrúpulos. Com eles não se é possível negociar. Não nos enganemos.
A maioria de nós trabalhamos para eles em troca da nossa sobrevivência, e para eles é que pagamos as nossas contas, no início de cada mês. Eles têm poder sobre os nossos braços: mandam trabalhar 8, 9, até 10 horas por dia com uma folga por semana e no resto do tempo mandam cruzá-los. E assim estamos, com os braços cruzados e cansados de tanto trabalhar e esperar.
Tentam parecer imbatíveis, mas não são. Apesar de afirmarem ilogicamente que é o seu capital que move o mundo, já sabemos que na verdade são as trabalhadoras e os trabalhadores que o fazem. E bem que poderiam simplesmente parar de fazer, parando assim o mundo, e rumá-lo em outra direção. Esse sistema que produz 5 milhões de desterrados e muito mais de cem milhões de miseráveis no Brasil, também produzirá um povo indignado e irreverente que, organizado em todas as frentes, parirá o novo tempo. E nada mais será relativo.
2 comentários:
" Faça sua parte é como cuspir no fogo"
Vou ter que roubar isso, genial!
Bonito o novo visual do blog, Tábata. Saudades de ti. Quanto à teoria da conspiração, tá ótimo. Parece o Galeano escrevendo, mas tem originalidade também, tem tua cara.
Continue. Não pára de escrever.
Um beijão da amiga Julia!
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