terça-feira, 24 de agosto de 2010

Celebração das Contradições


"Desamarrar as vozes, dessonhar os sonhos: escrevo querendo revelar o real maravilhoso, e descubro o real maravilhoso no exato centro do real horroroso da América.

Nestas terras, a cabeça do deus Elegguá leva a morte na nuca e a vida na cara.

Cada promessa é uma ameaça; cada perda, um encontro.
Dos medos nascem as coragens; e das dúvidas, as certezas.

Os sonhos anunciam outra realidade possível e os delírios, outra razão.

Somos, enfim, o que fazemos para transformar o que somos.

A identidade não é uma peça de museu, quietinha na vitrine,
mas a sempre assombrosa síntese das contradições nossas de cada dia.
Nessa fé, fugitiva, eu creio. (...) "


Eduardo Galeano, falando por nós. (sugiro ele pras tardes cinzas, pras manhãs ensolaradas, pras noites chuvosas, solitárias ou bem acompanhadas. Pro bom e pro mal humor. Sugiro sempre que a alma precisar de alimento.)