quarta-feira, 13 de junho de 2012

Marcha das Vadias, das Mulheres Livres, de um novo tempo.


A Marcha das Vadias passou aqui por Porto Alegre, alegrando a cidade e a esperança das mulheres subversivas que sonham com dias de liberdade. Ontem vivemos um dia de liberdade. Uma marcha enorme, colorida, animada, recebida com aplausos, diversos pedidos de fotos, sorrisos emocionados, vibrações e uns chingamentos conseradores também, afinal estamos falando de Porto Alegre, RS. Quanta verdade senti naqueles gritos de ordem, nos corpos e nos cartazes que falavam dos nossos desejos; nos sorrisos que são, sem dúvida, a mais bonita curva que um corpo pode ter.

As críticas que vem são de toda ordem. Uns e outras dizem que a marcha é pequeno-burguesa, que ela não conversa com a realidade dos e das trabalhadoras que mais sofrem as mazelas do sexismo. O que faz algum sentido. A marcha teve mesmo esse aspecto, essa cara. Faltou a presença das vadias pobres, das imensas periferias portoalegrenses, que certamente são as que mais penam com o conservadorismo machista, com a desigualdade, com a covardia, com a miséria moral da nossa sociedade patriarcal.

 Porém, as ruas cheias calam quaquer argumento vazio.

O que aprendemos: que o facebook ajuda a mobilizar pra valer, que ele por si só não basta, que uma marcha pode marcar a história, mas é pouco pra mudar a correlação de forças, que a luta não é somente uma festa.

Que a irreverência nos toca, provoca, sensibiliza. Que a criatividade é um elemento de primeira necessidade para as lutas políticas dos nossos tempos. Que o povo tem muito poder. Que as mulheres são altamente capazes de mandar em suas vidas, em seus corpos, na política, no que for. E que  só a organização é capaz de transformar fundo a realidade.

Um grande abraço nas vadias, nos cornos, nas putas, nas lésbicas, nas bixas, e em todas aquelas pessoas que a partir de agora celebrarão a contraditória alegria de serem o que são.