quarta-feira, 13 de maio de 2009

Minha Crisma


A primeira leitura bíblica da celebração quem fez foi um jovem do meio popular, de orientação homossexual. Foi uma jovem mulher quem cantou lindamente o salmo e foi uma mulher negra de vestes africanas, quem proclamou o Evangelho de São João, cantando.

Na homilia, o padre, um perseguido pela polícia de Goiás por defender destemidamente a juventude das periferias de Goiânia, lembrou da vida sofrida do povo, vidas maltratadas pelo capitalismo, essencialmente insustentável, injusto e estéril, segundo ele.

Aconteceu na Casa da Juventude, não numa igreja tradicional, mas na capelinha, pessoas em círculo. Foi entre companheiras e companheiros de luta e duma igreja que, pra acontecer não depende da sacristia ou da centralidade do padre ou do Cristo pregado ou dos ritos ou das punições ou dos medos.
Assim foi minha Crisma, meu verdadeiro sacramento de confirmação, de libertação.

4 comentários:

Anônimo disse...

Somos da igreja do Frei Betto, do Leonardo Boff, do Enrique Dussel, da teologia feminista, onde os pobres, os e as negras e os indigenas são sujeitos, não mais objetos de catequização. Somos da igreja que resiste ao conservadorismo opressor de Roma, que é sal, que é luz, que dá continuidade ao projeto inciado por Jesus, marcado essencialmente pela justiça social, pela partilha e pela comunidade, horizontal e respeitosa das liberdades. Boto fé e comungo na tua crisma!

Mauro Cabano disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mauro Cabano disse...
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Mauro Cabano disse...

Lembro desse dia, todas e todos tivemos a experiência da transcendêcia na imanência da dura realidade em que vivemos.

Um momento que só quem viveu pode saber o que foi e o quanto foi tocante. Mexeu muito com todas/os, fez brotar de onde quer que estivesse o desejo de nunca abandonar a luta...

Uma mistura doce e amarga. Doce ao ver tanta gente como a gente que acredita em um mundo novo junta. Amarga, por sabermos que ainda nos perseguem...

Somos a risistência de uma Igreja Povo, que se inspira nos profetas e profetizas do povo sofrido e nos mártires da caminha, que não estão presos nos luxuosos altares romanos, mas estão ali, tão pertinho, que conseguimos sentir o calor da força de sua luta que também é nossa luta...

Essa foi a confirmação mais linda que tive a alegria de presenciar, viver e no peito levar, não para guardar, mas, para como as pedras que gritam ao calar dos profetas, poder gritar também...

Que justiça um dia reinará!!!